"A masculinidade é a barreira social que as sociedades precisam levantar contra a entropia, os inimigos humanos, as forças da natureza, do tempo, e todas as fraquezas humanas que colocam em perigo a vida em grupo." – David. D. Gilmore.
Existe muita discussão hoje em dia acerca da masculinidade e
do futuro dos homens. Às vezes, iremos ver pessoas tentando impedir esse tipo
de discussão antes mesmo de ela ter início, ao dizerem algo do tipo: “Não há
sentido em falar sobre o que significa ser um homem, pois o conceito de
masculinidade é totalmente relativo. Ele é diferente em cada cultura, e tem
mudado ao longo do tempo”.
Há um pouco de verdade neste argumento, visto que, de fato,
os ideais de masculinidade variaram ao longo dos séculos ao redor do mundo. Mas
também está equivocado na suposição de que esses ideais não partilharam algumas
semelhanças invariáveis. A masculinidade
sempre teve um significado e, embora possa parecer uma surpresa para alguns,
ela sempre teve diversas convergências em quase todas as sociedades do mundo.
Esta é a descoberta de um dos poucos – senão o único – livros
que realizaram um estudo cruzado de culturas em relação às diversas formas que
a masculinidade é interpretada e vivida ao redor do mundo: Manhood in the
Making: Cultural Concepts of Masculinity de David D. Gilmore. Na verdade, achei
que tivesse lido esse livro na época em que comecei o blogue e que eu não
tivesse extraído muita coisa dele. Mas, recentemente, eu o li novamente e
descobri, para a minha surpresa, que eu havia apenas lido de relance e que,
além disso, ele mostrou ser o livro mais esclarecedor acerca da masculinidade
que já li. Se você está interessado na natureza da virilidade e da
masculinidade, eu recomendo que você o leia. Ele me ajudou a pensar, de um novo
prisma, sobre o significado da masculinidade, e estou ansioso para usar isso
como base para vários posts tanto agora, como no futuro.
Hoje, eu gostaria de começar com uma das primeiras
descobertas de Gilmore: a de que a preocupação em ser viril não se trata de um
fenômeno moderno peculiar, nem de uma obsessão masculina gerada em um passado
distante, ou de uma peculiaridade cultural que se desenvolveu em alguns
pequenos lugares do mundo, mas sim de algo que tem sido compartilhado por quase
todas as culturas, tanto no passado como no presente. Sociedades tão longínquas
como o Japão e o México, Nova Guiné e Índia, Quênia e Espanha tinham, e
continuam a ter uma concepção cultural do “verdadeiro homem” – um ideal que se
espera que todos os homens devam aspirar.